4 de agosto de 2010

Faça. Force. Fuce.



 "Esse é só o começo do fim da nossa vida..."
.Los Hermanos.


Faça o que ninguém fez e ligue. Pegue esse maldito celular, olhe pra um orelhão e disque. Faça uma fogueira na rua e pegue um pano e faça fumaça. Faça algo, homem. Derrube quem tentou te derrubar. Venha até mim. Faça uma queda de braço.
Me vença!
Invente algo. Sei que você é capaz de surrupiar essa minha máscara de durona. Você sabe que é uma máscara. Tire-a de mim. Arranque-a.
Você tem medo de quê? O máximo que pode lhe acontecer é ganhar um “não” por ser tão audacioso. Mas, acredite, o meu “não” pode não vir. Ele pode ser discreto, dentro da minha cabeça. E dentro da cabeça os pensamentos são inofensivos.
Minha boca, hoje, grita um sim e é com isso que você tem que se preocupar.
Você se apavora com o que?
Eu sou esse lixinho mesmo. Sou essa confusão de palavras e completamente deleitada em Vinícius e Chico Buarque. Eu viro melodia. Eu agüento. Eu invento.
Oh, ta vendo? Você já me conhece.

Quero voltar pra casa com vontade de deitar, e quando eu menos esperar, a noite terá passado. Quero dormir e me assustar com você ao lado, me olhando, observando minhas dobras e dando de cara com meus olhos que tremem de medo por você estar me devorando quando estou mais frágil. Quando me calo. Quando não penso. Quando sorrio.
Eu sei sorrir assustada. Sei sorrir até quando não é pra sorrir.
Sorrio triste. Sorrio quando você quer me matar de raiva. Sorrio bobo.

Então, se já consegue me ver por dentro, por que insiste em ter medo do lado de fora?
Por que ter medo da minha casca?
Eu não mordo, a não ser que você peça.
Eu dobro as suas roupas e posso rir da sua cueca engraçada. Posso contribuir com o seu humor matinal e posso fazer amor, posso fazer guerra. Posso te deixar em paz.
Mas você tem que me prometer me deixar maluca todos os dias. Tem que prometer que irá deixar eu rir de você e brigar pela barba mal feita que me faz cócegas toda vez que roças meu pescoço.
Prometa me irritar com o apelido medíocre que os amigos me deram. E oficialize nossas coisas no nosso quarto, na nossa cama, no nosso lençol. Batize minhas costas, minha nuca, meus seios e minhas covinhas.
Prometa que não vai me deixar ir embora quando eu quiser fugir. Deixa de ser besta, e corra atrás de mim. Se eu estou fugindo é porque estou certa que as coisas iriam dar certo. É só medo de não lhe fazer feliz. É só isso.
Se eu virei a cara, é pra você me puxar de volta, idiota. E se eu lhe chamei de idiota, é porque queria lhe chamar de uma coisa bonita. Mas idiota ta de bom tamanho. Você ri no final, que eu sei. Porque você sabe que os idiotas me atraem muito.

Me pegou de péssimo humor? Te tratei estranho? Deixe de ser medroso e seja prático. Se eu não estiver perto, ligue pra mim. Diga que ouviu uma música e lembrou de mim. Diga uma palavra. Diga meia palavra. Diga: “minha”. E eu juro que isso tirará todas as nuvens pretinhas que rondam as nossas cabeças.
Ta vendo? To te dando dicas até de como me reconquistar.
É, isso mesmo que você leu: reconquistar. Ou você pensa que lhe amarei todos os dias?!
Engano seu. Haverá dias que só a paixão contará. E, pra ser um pouco mais pé no chão, não gosto de paixão, não. Ela deixa a gente cega, boba, chão pisado. Nos deixa numa montanha russa constante. Levo sustos com isso, não nasci pra viver nesses parques.
Me deixe apaixonada somente durante um ano e depois me faça amar você. Amar tanto, mas tanto que eu queira abandonar o trabalho mais cedo só pra cozinhar pra você. Que eu tenha vontade de passar as mãos nos seus cabelos do nada. Que eu queira te abraçar e apertar a sua bunda. Me faça ter tesão até quando você não merecer.
Me faça acreditar que você será o único durante todos os dias. Me faça querer só você. Me proteja de mim. Me fale coisas que me deixem em brasa.
Me seqüestre de mim. Me faça você.
A propósito, só não me roube de mim. Seqüestre. Peça resgate. Mas, quando quiser devolver, me devolva pro mesmo lugar de onde me tirou: dos seus desejos.

Naiane Feitoza


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