10 de maio de 2012

Pra quem pagou por passarinho e levou cachorro


Quem já teve um gosto amargo na boca, causado por ânsia e dores fortes no coração?
Quem teve vontade de pular na frente do primeiro carrinho de pipocas, porque o bom sentido lhe faltava?
Quem já olhou no espelho e se detestou tanto que pensou em arrancar o nariz?

Pois é, já tive grandes decepções que a vida me pregou, em todos os estágios da minha enorme caminhada de 30 anos. Tive aquela decepção que todas nós temos na infância, de se apaixonar pelo garoto com o uniforme mais bem passadinho e sapatos limpos, da escola. Tive a da adolescência, quando me interessei por ballet, mas o corpo achou melhor ganhar uns quilinhos a mais, do que obedecer a velha disciplina de ser magra e esbelta. E tive, ÓBVIO, a decepção de adotar um lindo pássaro pra encantar os meus dias e, no final, descobri que ele não passava de um cachorro fedorento.

Ta confuso esse final? Metáforas servem pra isso: pra serem confusas.
Vamos imaginar que esse pássaro é aquele cara que lhe conquistou. É! Aquele cara que dedicou uns dias, semanas, meses pra lhe conquistar. Que lhe fez versos, que lhe comparou com flores, que lhe deu apelidos e aceitou os seus. Aquele cara que te ligou TODOS-OS-DIAS sem falhar, sem faltar assunto, sem meia saudade. Ele estava a postos pra lhe conquistar e ganhou seu coração.
Dê mil vivas a isso. Dê espaço pra publicidade, porque o cara merece, ué. Ele se tornou o passarinho que canta nos seus ouvidos, que encanta os seus dias, que lhe traz paz.
Vocês fizeram planos. Não se enganaram. Não temeram o passado e estavam ansiosos pelo futuro. Mais ainda! Vocês vestiram a roupa dos casais apaixonados. Andaram de mãos dadas, tomaram sorvete e publicaram na testa aquela alegria bem boiola de “todo amor que houver nessa vida”.

Até que... (suspiro!)

Lá vem a história do cachorro fedorento. Sério, sempre tem um feitiço que alguém joga no seu reino, cara princesa. Aliás, de princesa, depois de um tempo, você tem nada. Nem deixaram você ter o seu castelo e se tornar rainha. Vai ser princesa de que? De quem? Pra quem?
To falando, minha filha, da armadilha que esse pardal desafinado pregou em você e, por cegueira ou qualquer anomalia que apareceu na merda do seu cérebro, você não viu, não se atentou, não se policiou e não pegou no flagra.

Sabe aquela agonia de homem perfeito? Pois é, eu tenho. Tenho porque a vida só é boa quando a gente ta com os pés no chão. E tudo que vem rápido demais, fácil demais, bom demais e perfeito demais é pra ficar de olho. Como dizemos: “é bom ver se a mercadoria não veio com defeito”.

Já falei que não tenho medo de ser feliz, que acredito no amor e no homem que quer me dar todas as coisas boas que EU mereço. Mas nada vem de graça, minha gente. A recíproca ta ai pra afirmar isso. O amor É recíproco e ponto final (esse negócio de amor platônico é muito Freudiano pra o meu humilde cérebro absorver e não achar um saco).
Portanto, vamos recapitular: seu passarinho que tanto cantou de peito estufado, agora não passa de um vira-lata comprado no Paraguai.
Não era o momento de vocês? NÃO SUBESTIME A MINHA INTELIGÊNCIA.
Praga das invejosas? FILHA, ACORDA!
Você errou? ARRAM! Por NÃO abrir os olhos.
Vou falar uma coisa que sempre ouvi da minha mãe e sempre, sempre, sempre discordo: “nenhum homem presta, minha filha”. Alô, mãe! A senhora ta casada com o papai há 31 anos, POR QUÊ? Porque o odeia que não é, gata. Conta outra!
Homem presta, minha gente. Presta tanto que eu acredito em alguns poucos, alguns que me foram apresentados, e um que está na minha vida. Mas, cientificamente falando, a cada 100 homens nascidos no mundo, SETE não prestam nem pra mentir no açougueiro ou contar verdade em velório. APENSAS SETE, EM CADA 100.

Agora deixa eu respirar e falar desses SETE Zé Manés que Deus deixou, por algum motivo que nunca vou entender, virem ao mundo:
Primeiro: Eles são aquela espécie de homens que já nascem mentindo pra mãe. Choram sem fome, sem vontade de fazer o dever de casa e mentem que vão fazer trabalho da escola, mas vão olhar a vizinha do colega pelada.
Segundo: Na outra fase da vida, começam a mentir pra professora, pra diretora, pra moça da biblioteca e pro moço das balinhas da cantina.
Esses ZÉ ROELAS, vêm adquirindo certa experiência ao longo da vida, até se apaixonarem pela primeira alma boa que aparece na sua frente e... Apaixonam-se pela segunda, pela terceira, pela quarta, pela quinta (ai, parei de contar). Dai, ele vê que se apaixonou por todas elas. TO-DAS! Incomum? Não, não! Todas nós conhecemos um desses, pelo menos, uma vez na vida.

Mas como no Brasil não é muito comum a gente se enrabichar por todos os sorrisos que nos aparecem, a gente acaba escolhendo um pra acolher no peito, né? NÃO! Seria assim num mundo normal. No meu, no seu. Não no mundo do mentiroso e “apaixonado por todas elas”.
Pra mim, não há desculpa pra gente que acha isso normal.
Ou namora uma ou namora NINGUÉM. Certo? ERRADO! No mundo de uma pessoa dissimulada não funciona desse jeito, tem que haver aquela mentira que se contou pra mãe, pra tia da escola...
Conheço tanta gente boa nesse aspecto, que eu acho, sinceramente, que a Globo ta perdendo grandes atores. Homens mentirosos, de má índole (ou vocês acham que uma pessoa do bem faz isso?), de mente pequena e que acham normal enganar uma/duas/cinco/doze mulheres, deveriam ter espaço maior na mídia. Sei lá, pras pessoas terem o hábito de encontrar esse tipo de bosta com mais facilidade, pra não cair na lábia do boto. É, minha gente, porque essa lábia toda só boto, viu? Só boto.

Esse tipo de cachorro sem dono, que planeja conquistar uma mulher, que deseja outra, que ta pegando a Joana, que ta saindo com a Patrícia e ta namorando a Fernanda não merece muito espaço nas conversas entre as amigas, mas merece estar nas páginas dos livros de alguns psicólogos. Acho que o Carpinejar se daria ao trabalho de falar desse tipo de homem, visto que o próprio já falou dos canalhas e cafajestes, e em nenhum desses grupos o cachorro se engloba, mas acho que dá pra criar outra raça.

Pra mim, a Irene que adora rir, mentir é como matar duas vezes. É privar o outro da verdade. É tirar o prazer de uma sinceridade. É iludir com mentiras. Mente doente, minha gente, quem estuda é o “seu dôtor”, não nós, mulheres, que estamos tão expostas e DISPOSTAS a aguentar, aturar, ajudar, amar e perdoar qualquer homem que nos mereça. Não somos pano de chão pra ficar limpando sujeira de moleque que não sabe a idade mental que tem.

Por isso que eu acredito em passarinho cantador, mas que canta sem malícia, sem gaiola, sem prometer ficar no pé toda vez que eu assoviar. Por isso que acredito no amor, mas no amor dado devagar, sem pedir, sem exagerar. Naquele amor limpinho, cheio de fricote e que a gente sabe em quem confiar.
Não gosto das coisas exageradas, dos planos sem fundamento, das mentiras tortas. Não gosto de príncipe que vem sem cavalo. Odeio essa história de ser tirada dos meus sonhos, por conta de um FROUXO que só pensa em si, só ama o próprio pinto e acha isso LINDO e maravilhoso.
Mas disso podemos tirar uma lição: os cachorros são uma espécie de treinamento, tratamento de choque, pra que a gente não erre no futuro. A gente sempre passa pela prova final pra encontrar a pessoa certa pra nossa vida, né? E pra isso, meus amores, temos que escolher um cachorro vagabundo na pele de um lindo passarinho azul, pra que possamos errar, chorar, berrar, falar pra todo mundo o que passamos, rir do idiota, falar mal dele (só por um tempo, porque nada é mais ridículo que chutar cachorro morto), superar e, no final, encontrar nossa liberdade com uma nova, limpa e linda história de amor. Essa sim, vai ser verdadeira.

Naiane Feitoza.