13 de abril de 2010

O Macaco quer ser Burro.


Querido Rogério Borges,
Tenho uma teoria que as pessoas da minha cidade sempre dizem que é furada: os ignorantes imperam. Pelo visto, você será a minha maior prova disso.
Estava rondando pelos blogs da vida, os sites que mais leio, as notícias que tento acompanhar, e claro, as pérolas que encontro e transformo em piada. Eis, que dou de cara com você e solto a maior gargalhada da minha vida.
VOCÊ EXISTE.
Sim, você que é desinformado. Que é um jornalista (creio) e tem boa escrita. É até fotogênico e escreve pra um jornal lá das terras que eu gosto. Você que escreveu e deve sustentar com orgulho a maior canalhice que já li na vida: a de ser um ignorante nato.
Admiro sua coragem em escrever um artigo sobre o Amapá não existir. Admiro MESMO a sua coragem em dizer que nunca conheceu alguém daqui (sim, sim. Sou do Amapá) e que nunca viu nada sobre essa terra Tucuju (depois te explico o que é. Já que vou começar a te dar aulas).
Sabe, existe uma coisa chamada internet. Essa ferramenta que está exposta na mídia (se você estudou jornalismo, sabe o que é mídia) é uma coisa mágica. Não sei bem se você conhece, mas não vou entrar nos detalhes em que você tem que ter um computador, uma conexão, saber usar tudo isso aqui, e por ai vai. Então, na internet tem um site de busca MARAVILHOSO chamado “Google”. Sério! Ele é uma ferramenta valiosíssima pra quem procura informações, mesmo que nem tão certas e concretas, sobre o mundo. Ele é como se fosse o Aurélio das informações imediatas. Você iria adorar. Nele você pode procurar a palavra “Amapá” ou até mesmo “Macapá” e você vai achar tanta coisa. Mas tanta coisa mesmo.
Vai ver que aqui há mais de 300 mil habitantes e que realmente estamos morando no extremo Norte. Vai ver também que aqui tem a Pororoca que todo mundo corre pra participar dos campeonatos. Tem o Rio Amazonas que banha a cidade e que, com certeza, se você nunca ouviu falar em Macapá, é claro que nem deve saber o que é Rio Amazonas. Vai lá no Google, que ele te ensina isso também.
Então, continuando: aqui temos nossas raízes, nosso Marabaixo que dançamos quando há os festivais. Temos nossas comidas deliciosas que vem de outras culturas e as que inventamos nas bandas de cá. Temos o nosso camarão no bafo, nosso tacacá, nosso tucupi, nossas cachoeiras, sorrisos, índios e, claro, os ignorantes como você.
Conhece o Sarney? É! Aquele Senador daqui do Amapá. Que foi presidente. Que todo mundo tira onda (e com razão!). Conhece? Sério? Então, meu querido, como você me joga no seu jornal que não “conhece” ninguém que veio aqui. Se quiser me conhecer também, não tem problema. Vou ai na sua cidade conhecer você. Adoro Goiânia. Ou, MELHOR, você vem até aqui em Macapá. Moro num bairro não muito longe do aeroporto (aqui tem um também) e seria ótimo te pegar lá e ir logo mostrando a cidade pequena, mas não muito pacata. Sei que as tarifas aéreas são caríssimas pra vir pra cá, mas eu tenho uma grana pra lhe dar (veja bem: LHE DAR) e faço questão que você venha conhecer minha cidade.
Pois bem, voltando ao assunto. O Google tem várias coisas interessantes. Mas já que você citou que está TÃO interessado em saber coisas daqui, e que mostrou ser tão desinformado ao ponto de escrever um texto superlegal em como ser “um asno” em público, e, sei lá, deve estar na moda mostrar que não se sabe de nada em rede pública (eu acho. Em Goiânia deve ser assim. NÃO SEI!). Copiou do Lula, foi? Interessante.
Siiiim, continuando, aqui não funciona assim. Nós, jornalistas formados pelas bandas de cá, que temos os nossos jornais, nossas redações, nossa Assembléia Legislativa, Prefeitura, Parque, Praças, Igrejas, Hospitais, Governador, Prefeitos, Vereadores, Deputados e toda a corja que você já deve conhecer que em qualquer capital brasileira tenha - Não me diga que você TAMBÉM é tão ignorante nesse assunto, pelo amor de Deus. Já me basta a burrice, OPA!, a falta de informação da sua parte para conosco, pessoinhas de tão belas formas e sotaque. Aqui não funciona essa coisa toda de sermos tapados com relação aos outros estados. Conhecemos de tudo um pouquinho. Desde o Nordeste até o Sul. Sabemos, como você, que o Chuí fica no Rio Grande do sul, mas ao contrário da vergonha que você passa ao usar o termo “do Oiapoque ao Chuí”, nós sabemos também que o Oiapoque é no extremo Norte, é pertinho da Guiana Francesa, é tudo muito caro por lá e é longe pra cacete. Comprovação científica pra isso? Vá lá e mostre seu texto a um morador do Município do Oiapoque, você voltará com a boca só formigas. Isso sim, é uma comprovação científica.
Sabemos sobre todas as capitais do País, sabemos quem são os principais Governadores e sabemos das tragédias de todos os lugares. Aqui tem televisão, sabia? Juro pra você. Tem até a afiliada da Rede Globo. Se um dia você precisar de emprego, e quiser alguma coisa por aqui, é só entrar em contato comigo. Conheço meia dúzia de pessoas que podem te ajudar. Ah, esqueci de te falar: nós não somos um povo rancoroso, tratamos bem quem quer se tornar nosso inimigo.
Nós também temos umas músicas daqui da Terra que você iria adorar. Músicas que falam do Amapá, da nossa gente, nosso sol e, claro, nosso rio. Sim, sim, nosso rio. Falamos dele sempre. Sabe aquela ferramenta da internet que eu te expliquei no início? Aquela mágica? Pois é, por lá eu posso te mandar um email mais detalhado com muitos e muitos endereços de sites, blogs e dos setores públicos daqui do AMAPÁ que te mostrarão fotos, músicas, poesias, pontos turísticos e até os escândalos políticos que você deve sentir falta. Convenhamos, esse foi o comentário mais infeliz que você fez. Que vergonha, hein?!
Mas agora, falando mais sério ainda. Há uma parte em você que está me deixando curiosa. Você existe? Essa sua foto e essas palavras saíram mesmo dos seus dedos?
Não pode ser! Fico imaginando que ser tão ignorante, cavalo, estúpido e grotesco escreveria tamanha abobrinha e publicaria como artigo. Não estou querendo te ofender, mas estou tentando mostrar que uma pessoa com esses adjetivos, SIM, escreveria um texto tão vazio como aquele. Será que foi você?
Na faculdade, pelo menos quando cursei jornalismo (se você não estudou, ai são outros quinhentos. Aqui tem esse curso. Se quiser, já sabe: fale comigo!), a primeira coisa que explicaram sobre release, matéria, artigo e crônicas, foram as suas diferenças, e pelo o que eu lembre, o ARTIGO só pode ser escrito quando você entende realmente do assunto. Por exemplo, se eu vou falar da doença H1N1, por exemplo, eu não vou sair colando o que o Ministério da Saúde explicou pra comunidade. Procurarei um médico ou alguém que possa esclarecer o assunto e pedirei um artigo. E isso serve pra política, vida, dia-a-dia e seja mais o que for. Ai, voltamos ao ponto de partida do email (email, lembra? Da ferramenta da internet. Mais uma mágica): se você não conhece NADA do Amapá, não sabe onde fica (Meu Deus!), não conhece ninguém que veio aqui ou é daqui, se falou meio quilo de besteiras que, COM CERTEZA, te renderão um pouco de dor de cabeça, que merda de artigo que você faz? O da publicação que o seu cérebro não serve pra nada?
Ta, ta, ai você me vem com a resposta que é uma crônica. Vejamos, uma crônica? É, ai vou ter que te dizer que até o Jabor ganha meu respeito nessa hora. Até eu escrevo uma crônica melhor que você.
Vai lá no Google (lembra? Isso, muito bem!) e coloca meu nome. Vou aparecer em algumas coisas de pesquisas da internet (isso! Aprendeu, hein?!) e vai aparecer um blog lá (depois te explico o que é) e ele é meu. Lá tem crônicas. Vê se aprende e vai nos links ao lado (endereços de outros blogs) e leia mais e mais crônicas de outros blogs, de outras pessoas de todo o País. Aquilo são crônicas. O que você escreveu foi, foi.. deixa eu pensar.. foi um ato científico de que macaco sabe falar além de se balançar numa árvore. ISSO! E você sabe até escrever, veja que evolução.
Nós não vamos ficar aborrecidos se uma pessoa como você, que tem o grau de instrução do tempo do Mobral, ficar falando coisas engraçadas sobre o Amapá. Não vamos mesmo. Só acho que todos estão muito assustados por existir alguém assim e que está gritando aos sete ventos esse absurdo. Temos vergonha pelos outros. E eu, principalmente. Sou uma mocinha com coração, se você quer saber.
Você é uma lenda para nós. A lenda do ignorante. Nem em Nárnia existiu uma pessoa que mais inventou histórias.
Deixa eu te explicar mais uma coisa: essa resposta que estou te enviando é pessoal. É algo que falo em nome dos amigos e amigos que leram o seu artigo meio imaturo e completamente engraçado. Nos sentimos honrados por saber que você lembra de nós, do nosso estado e nunca colocou os pés aqui. Sabemos, evidentemente, que você usou esse texto pra ganhar uma passagem pra vir pra cá, conhecer o Estado, comer bem, ser bem tratado e bla, bla, bla. Sabemos. Mas você deveria ser mais discreto. Fazia uma campanha e pronto.
Sentimos, claro, como todos os outros devem estar sentindo, que você é digno de pena. Sabemos que você tentou mostrar que não sabe olhar um mapa e nunca deve ter visto que o Estado está lá, o primeiro, o começo (é, pra você que não sabe, o Brasil começa aqui), onde ninguém fala mal do Estado de ninguém. Onde temos nossos problemas financeiros, que temos nossas estradas que não estão asfaltadas completamente como todo o resto do Brasil. Nós estamos aqui falando o Português e o Francês (claro, isso você não saberia mesmo) porque nas escolas públicas é obrigatório. Estamos aqui, sentados em frente ao Rio Amazonas tomando nossas cervejinhas, porque de todas as marcas e cores chegam aqui. Estamos comendo nosso Sushi se der vontade ou, simplesmente, nosso caruru e tacacá. Estamos cantando músicas do Zé Miguel, Amadeu Cavalcante, Osmar Junior, Lucinha Bastos ou o grande Nilson Chaves. Estamos dançando ao som de Maria Rita e sorrindo pra não chorar com a Maria Gadú. Estamos nos afastando de Vitor e Léo, mas amando cada dia mais Cesar Menotti e Fabiano. É, somos um povo que acolhe até o Rebolation para todos os nossos amigos que gostam de tudo.
Tenho certeza que você adoraria conhecer o Marco Zero. É aquele que acontece o Equinócio e onde a cidade é cortada ao meio. Onde passa a linha IMAGINÁRIA do Equador. Tenho certeza que toda essa balela que você jogou foi puro marketing pra ganhar essa passagem.
Já disse: EU TE AJUDO!
Se você não conhece nada disso, faça um curso sobre o Amapá. Ou melhor, faça um curso sobre “Como ser um brasileiro de verdade”. Nós, aqui do Norte, procuramos saber um pouco de tudo de cada Região do País. Nós temos vergonha de passar vergonha. Não vou colocar você como a maçã podre que pode estragar todo o seu cesto, mas você, sem dúvida nenhuma é aquele ratinho de laboratório que foi feito pra ficar trancado na sua jaula, que come e dorme no mesmo horário e está programado para fazer o que te mandam. Mas por favor, só porque te deram a liberdade de conhecer um mundinho pequeno fora da sua redoma, não quer dizer que você pode virar o expert em não conhecer o Amapá. Tira esse título e coloque “Eu sou o idiota que falo merda pra caralho”. Ai, sim, vai ser a sua cara.
Ou você acha que aqui não tem palavrão? Teeeeeem. E eu sou a campeã em chamar, mas não vou mostrar essa parte pra você. Vai que tu te encantas e vens morar aqui. Deus me livre ter um colega de trabalho que nem existe.
Você existe?

Abraços,
Naiane Feitoza