19 de fevereiro de 2015

Diário de uma grávida de primeira viagem, parte IV.



Diário de uma grávida de primeira viagem, parte IV (ninguém perguntou, mas eu quero falar. E eu to grávida, tenho prioridade e vou usar isso sempre).
E chegou a fase das 25 semanas, dos 6 meses e uns quebrados, do “conforto” que todo mundo me falou que ia rolar, que é a fase mais tranquila dos 9 meses e... QUE PAPO FURADO! Égua, to com raiva da cara de vocês. SAIAM DAQUI. ¬¬
Primeiro: quero fazer coco em paz. Custa? Custa só um dia eu conseguir fazer sem ter que ficar toda presa e sentindo que nada vai sair (e não sai)? Gente, é o castigo que eu nunca pensei que pudesse ter na minha vida. A fase dos peidos é até tolerável, porque eu saio de perto e vou peidar em paz. MAS FAZER COCO? Puta merda! Tudo que você come afeta na bunda, tudo que você sonha em comer, afeta na merda, tudo que você pensou em colocar na boca, afeta na hora de cagar. ASSIM NÃO DÁ, MINHA GENTE. E olha que to na “dieta” das fibras. IMAGINA!
Segundo: já sei o sexo do meu bebê, já completei a minha fase gay expondo o nome, fazendo postagem boiola (oOoOoOoOo) e vocês já me deixaram toda babona por amarem tanto quanto eu, mas CHEGA DE TENTAR FORÇAR A BARRA COM BOOK DE GRÁVIDA. Manas, NÃO VAI ROLAR. Eu acho cafona, não me vejo com a cara do tamanho da minha bunda fazendo fotos numa grama só mucuim e muito menos me vejo colocando coisas cheias de frufru na minha barriga, olhando a paisagem com cara de caneca. Ohhhhh! NÃO! Não vou expor meu corpo escrotoral em um monte de fotos, que eu mais vou ver que to do tamanho de um elefante (mesmo que pra vocês não pareça), só porque um monte de mulheres fez. Desculpa, sociedade, mas eu não nasci pra essa boiolagem.
Terceiro: ficar doente, estando grávida É UMA MERDA. To numa gripe desde segunda de carnaval, minha garganta fechou, meu nariz ta igual a um tomate, minha respiração ta uma droga (e não pode tomar remédio! Ê, vidão!), meu pescoço dói de tanto ficar deitada em posições que me deixam encaralhada e incomodada. Aliás, TUDO incomoda: ficar sentada deixa meus pés do tamanho de uma tartaruga, ficar em pé muito tempo deixa meus pés igual a um fusca, andar pra lá e pra cá pra amenizar cansa, sentar de perninha pra cima dói meu cóccix, dói aqui, dói ali, dói acolá. SIM, CARALHO, NÃO ERA A FASE MAIS MARAVILHOSA DO MUNDO?
Você me enganaram, isso sim.
A gente se limita um bocado. Sente coisas que são legais e outras UM SACO. Faz xixi a cada 10min (e isso piora a noite), come menos porque parece que você vai explodir, bebe menos liquido por conta do xixi descontrolado... enfim, uma merda. Me senti pior quando fui assistir ao desfile das escolas de samba. Primeiramente que todo mundo pensa que gravidez é DOENÇA e te olham com cara de “O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI? Vai pra casa descansar, buchuda” e a vontade era de mandar todo mundo tomar no cu, mesmo. Segundamente que banheiro químico não foi feito pra pessoas “normais”, imagina para pessoas no estado em que estou (ALÔ, COORDENAÇÃO DO CARNAVAL DE MACAPÁ! QUE VACILADA COLOCAR BANHEIRO QUÍMICO NA ÁREA PREMIUM DOS CAMAROTES, HEIN, CARALHO?). Terceiramente que você sai de casa toda trabalhada na leveza e em menos de 3 horas você se sente pesada, inchada, com calor de 10 mulheres na menopausa e dando de cara com um monte de mulheres mal educadas que vêm passar a mão na sua barriga, no meio dessas sensações. Ora, merda, gravidez não é pra alisar.
Converso muito com a Elis (sim, manas, eu bato altos papos com a minha filha) e digo: “amorzinho, mamãe só vai ter você, viu? Mamãe não quer outros bebês porque a vida ta difícil e você ta pesando, meu corpo ta todo cagado e a tendência é piorar”, ela entende (eu acho) e fica dando chutes, cambalhotas e concordando comigo (AI DELA!).
Dormir não ta sendo fácil a noite, imagina a soneca de dia. Pego todos os meus travesseiros, tasco embaixo das pernas, alguns em frente a barriga, um na cabeça, um nas costas, um mais alto pras pernas e N A D A conforta. Não acho posição. E quando, FINALMENTE, acho, o xixi vem com força total. Aí, volta tuuuuudo de novo, arrumar posição, travesseiros, não focar nada no escuro (porque agora tenho medo do escuro) e tentar dormir. Na casa do namorado durmo mais em paz, porque roubo o travesseiro gigante dele, que encaixa perfeitamente no meu conforto, mas em casa... puta merda!
É, minha gente, vida de grávida não é lá essas Coca Colas todas, não. E me desculpem a sinceridade, mas eu to de saco cheio desse mundo coloridão e cheio de suspiros que vocês costumam dar por conta de uma coisa ou de outra. Não vejo a hora da minha princesinha nascer e começar a melhor fase: a de não me sentir como uma doente limitada e cuidar dela toda cheirosinha, risonha e pimpona.