17 de abril de 2015

Diário de uma grávida de primeira viagem, parte VI.



Diário de uma grávida de primeira viagem, parte VI (ninguém perguntou, mas eu quero falar. E eu to grávida, tenho prioridade e vou usar isso sempre).
“Reuniiiiiidos aquiiiiii só pra louvar ao Senhooor!”. To aqui cantando e tentando mentalizar que a vida, ahhhhh! A vida!... que a vida é linda e que tudo vai passar, tudo vai acabar logo, que isso tudo é só uma coisa da minha cabeça.
Lembram mês passado, quando eu disse: “mês que vem vou ficar implorando pra Elis nascer”? MANA, NASCE, PELAMORDEDEUS! Nasce que a porra ficou séria aqui pras minhas bandas.
Primeiro: eu não aguento mais não dormir. Sim, não dormir. É, cacete! NÃO DORMIR. To naquela de 32 semanas (8 meses, queridinha), da barriga estar dura parece um pau, da Elis estar mexendo parece aquele povo que implodiu a Macarena na nossa cara, da coluna estar me avisando, a cada 3 minutos, que eu to andando de forma errada, mas de outro jeito não dá. Não acho posição pra dormir, não acho jeito ou cama pra descansar. To na fase do pescoço e sovaco pretos (cara, que coisa feia!), na fase de tirar fotos sem mostrar os dentes, porque meu rosto ta TÃO INCHADO que os olhos somem e meu nariz parece o cu de uma galinha gorda. To na fase de acordar falando palavrão e acordar o namorado, que ta num sono bom, só pra chorar e gritar: “EU QUERO DORMIR TAMBÉÉÉÉM” (sofre comigo, merda!). To na fase dos formigamentos nas mãos, nos pés e agora, pra ter brinde – TEM QUE TER BRINDE – com uma dor muscular no ombro esquerdo, me impossibilitando de dormir daquele lado e me fazendo chorar de dor. Já me disseram que é má circulação e acontece, mesmo, na gravidez. E eu pensando que tava com algum câncer ou fase terminal da vida. 
Com 8 meses eu ainda não vi brilho, amor e compreensão com tudo que acontece no nosso corpo. Desculpem as mais apaixonadas por suas barrigas e gestações, mas eu tenho um ódio tão grande do discurso que vocês pregam. Porra, todos os dias é declaração de amor, todos os dias é vídeo, todos os dias é milagre da vida. Porra, vocês não cansam? Eu, e mais de uma dúzia de mulheres, ABUSAMOS. Enfia esse amor no seu bebê, não no facebook, caceta. Parecem que querem mostrar pro mundo quem ama mais.
Tem uma criatura no instagram, que eu sigo porque ela tem um perfil só sobre organização e dicas de limpeza, que DO NADA a retardada começou a me desacatar e me desafiar. Um perfil que fala sobre limpeza agora ta falando sobre criar filhos, sobre como a filha dela é perfeita, como a neném é luz, é raio, estrela e luar. CARA, ELA TA ME AFETANDO! Eu juro que só pode ser de propósito. Desisti do perfil por isso e vou desistir de vocês, se continuarem com essa babação diária de que mãe é o ser mais abençoado do mundo. NÃO SOMOS! Coloquem na cabeça de vocês: NÃO SOMOS. Até rata tem filho, mana. Então para. Vamos curtir esse amor entre nós, entre nossos queridos, entre algumas amigas e alguns conhecidos. É mais bonito e mais saudável. Teve até uma matéria no Estadão (eu acho) que falava sobre um grupo de amigas que escreveu pra uma delas, em especial, pra falar que ela tava uma CHATA só falando e postando sobre o filho. Me marcaram e disseram: “foste tu que mandou a carta?”. QUEM ME DERA, MIGOS. Quem me dera. HAHAHAHHA
Não as culpo desse amor avassalador que vocês criaram por uma criatura linda, cheirosa, com a boca banguela e os braços cheios de dobrinhas. Não culpo, porque sou completamente apaixonada pelos meus sobrinhos (que são meus amores e dói só de lembrar deles) e to apaixonaaaaadérrimaaaa pela Elis, daquele nível de ver tudo e pensar nela, ler algo e pensar nela e passar horas conversando com a pequenazinha. O pai dela e eu somos uns babacas apaixonados. Não parece, né? Pois é, porque a gente não fica esfregando na cara de ninguém.
Não as culpo de amar um pedaço que ta saindo de dentro de vocês, mas É SÓ ISSO. Antes de existir essas redes sociais era tão bom. ;~ Vocês não eram tão mela cuecas e eu não era tão abusada da cara de vocês.

Esses 8 meses (e acho que vai ser o ultimo texto do meu diário) me mostraram o quanto gravidez não é pra qualquer um. Não é pra qualquer mulher. Não é, não. São desconfortos que te fazem pensar MIL vezes antes de ter um próximo filho. São problemas que te deixam emocionalmente abalada (mas meu bom humor nunca me derruba!), são conversas que te fazem se afastar das pessoas erradas e se aproximar das pessoas certas. São momentos que te fazem ver e ter certeza de quem ta ou não do seu lado, segurando a sua mão, cortando o pepino pra você e te fazendo rir incontrolavelmente, porque a vida é mais do que aquilo. Minha filha vai ser uma escola caralhenta pra mim e vai me fazer saber o que é CRIAR alguém de bem, gastar meus trocados com sapatinhos, deixar ela comer aquele bendito chocolate que todo mundo ta comendo e respeitar, acima de tudo, o espaço dela, a vida dela, as escolhas dela, como nunca fui ou serei respeitada.
To numa fase mais sem humor, mais sem paciência até pra quem vem com boas intenções. Tenho uns conhecidos, HOMENS, que começaram a dar pitaco em gravidez. HAHAHAHAHAHAHHAHAHA.. EU JURO PRA VOCÊS. Começo a rir porque eu sinto um empenho doido de querer “fazer parte” disso tudo. Mas desistam, migos. Vocês têm um PINTO e ele serviu pra entrar aqui, fazer um filho e pronto, cabô. 
Mas todos têm seus méritos. São participativos? Dão apoio? Nos amam? Nos controlam e seguram as nossas mãos? SIM, SIM, SIM, SIM, E SIM PRA TUDO. Mas vocês não têm útero e nem paca, ta? Então encerra por ai a participação e não me venham com “mas minha mulher...”. Foda-se a sua mulher. Eu to falando de várias mulheres, inclusive a sua, que ta passando por experiências que você só sabe na teoria e só fica percebendo se ela comenta, reclama ou faz esse diário, que nem eu. 
Emoticon heart
Bom, pra finalizar eu queria contar uma experiência ESCROTÍSSIMA que tive, esses dias, num supermercado local. Estava eu, linda, saltitante e compenetrada analisando preços de sabonetinho, lenço umedecido, fraldas pra minha pipoca quando a minha barriga fez sinal de que a minha bunda queria entrar em trabalho. MANA, SUANDO FRIOOOOOOOO num supermercado, de barrigão, calça colada, pés inchados e eu lá, segurando a dor de barriga. Olhei pra todo mundo e só via cliente e nenhum funcionário, até que avistei uma alma viva e ela me indicou ao banheiro (as pessoas pensam que grávida só mija). A bichinha, toda solícita, me leva num banheiro que só tinha dois vasos, separados por paredinhas e portas e uma pia larga. Mana, cobri o assento com uns 71 metros de papel higiênico e sentei. Gente, entrou outra pessoa no banheiro NA HORA QUE EU TAVA LÁ e peidando. Gente, coco de grávida não sai discreto, ainda mais com dor de barriga. Me enteeeeeeerra de vergonha. Tentei segurar, mas já era tarde. A criatura ficou lá e eu esperei ela sair pra terminar o serviço. A peste sai do banheiro e vai lavar as mãos e secar naquela porra que sai ar quente, aproveitei o barulhão e fiz o resto. Quando ela saiu, sai da minha cabine, lavei as mãos nas 3 porradas e... ME FODI. Que vergonha. Lá fora tinha uma carrada de gente me olhando, algumas mulheres do caixa, uns dois embaladores e uma delas riu me olhando. Eu, pensando que tava num filme de horror, continuei olhando pra frente e ignorando, e eles RINDO. Mana, que absurdo. Aposto que o comentário foi: “lá vai a cagona”. ;~~~~
Contei pro namorado e ele mais ria do que me consolava e ainda perguntou: “mas tu te cagou?”. É MOLE? Por isso que as pessoas perdem os dentes. ¬¬

Enfim, vida de grávida da bunda frouxa não é fácil. ;~~~
Não sei se esse vai ser o último texto, mas se não for, o próximo vai vir mais curto. Juro pra vocês. É que to de péssimo humor e escrevo muito quando to assim.

Pêijos, coisas preguentas. ;*