22 de setembro de 2009

Ela. Eu to falando dela.

Houve, finalmente, o dia em que ela levantou e se deu conta da loucura que ia fazer. Gritou dentro de si mesma a frase que adiou durante um tempo: “Puta merda, to ferrada!”.
Não é porque essa era uma frase adequada para certos desesperos, mas tudo nela se resumia no que estava pensando, sentindo, analisando e se cagando de medo.
Medo, ué. Medo dos seus pensamentos. Medo da expectativa X e da realidade Y.
Ela tem medo do seu passado mais do que o futuro que ela nem sabe o que vai acontecer. Aquele medo que corrói e faz ela ter dores estomacais que dão inveja a qualquer “diarreiazinha” de meia tigela. Ela se borra de medo e ainda está fazendo de tudo pra dar uma de fortona. Coisa de gente despreparada, claro.
O fantasma que a persegue é mais poderoso que o Silvio Santos em eleições para presidente da República. Não é um fantasma qualquer. É quase uma maldição de Tutankamon, um Jogo dos Espíritos, Um Jason ou Freddy Krugger arranhando a porta do quarto ou ligando e cantantado “1, 2 Freddy vai te pegar”. Nada disso. Nem palhaços nessa hora chegavam à unhinha do pé desse medo todo.
Se fosse um monstro tipo o Shrek, ela tiraria de letra. Usaria toda a sua falta de educação adiquirida em anos de escola e péssimas amizades e enfrentaria o bicho; Ou facilitaria tudo usando o seu caloroso mau humor matinal que aterrorizaria até o Zé do Caixão. Mas se tratando especificamente deste tal fantasma, aaaah, ela ia tremer, fraquejar, cair, fechar os olhos e pedir, PELO AMOR DE DEUS, pra que tudo não fosse só um pensamento bobo como quando tinha em sua estranha meninice.
Era o holocausto dos seus sentimentos. Pronto, falei.
Isso tudo só serviria para uma coisa: para atormentar. Só pra deixar a pobre mais desesperada mesmo. Só de pirraça.
Ela se sentia a idiota que pagou uma passagem de 10 mil (todo o seu orçamento, claro) pra ir no Iraque morrer com uma bomba no banheiro.
Mas a culpa disso tudo era de quem?
DELA, claro. Única e ex-clu-si-va-men-te DELA.
Ter coragem nem sempre é bom. Ainda mais essa coragem falsificada do Paraguai.
Não tinha o menor pudor em arrebentar portas de orgulho e ultrapassar janelas de problemas interiores. Simplesmente ela se intimou a enfrentar o amor do passado com a cara e a coragem (do Paraguai. Lembram?).
Enfrentar o fantasma do passado e dar de cara com o que a levou a ficar noites acordada ao telefone, no msn, conversas intermináveis, planos, segredos, sonhos e claro um amor que dava paz enquanto o mundo estava em guerra. Foi a melhor coisa que já lhe aconteceu.
Depois de um tempo, ela se pegava na janela do quarto e até na cama chorando por coisas que, definitivamente, não iam mais acontecer. A história foi pro beleléu tem um tempo e a idiotona ainda sentia coisas que a faziam chorar e ter ansia sempre que pensava nele. Ela o amava. Ela sabia que não tinha mais volta. Mas mesmo assim, depois de todos os carnavais que se passaram e as luas que a ajudaram a dormir em paz, a criatura ainda sentia o amor mais bonito do mundo. Sentia saudade.
Claro. Como não sentir saudade de ter se apaixonado por uma pessoa que fez você a amar antes de qualquer sofrimentozinho?
É, uns dizem que as mulheres se apaixonam pelo cara que as fazem sofrer. Ela, NÃO. Ela se apaixonou antes de qualquer sofrimento. Ela se apaixonou pelo amor dele. Se apaixonou pelo o que ele dava de melhor pra ela.
Resumindo?
Ela estava extremamente FODIDA. E sinceramente, eu acho bem feito. Quem manda acreditar no amor depois de tudo que já havia passado? Ela poderia ter sido mais esperta e ter saído disso antes de mais estragos.
Até largou a bebida. Veja que absurdo.
Mas enfim...
Ela não se encheu de esperanças, não se alimentou nem do passado bonito e muito menos do futuro que sonhava. Simplesmente achou que ia se dar bem ao olhar para aqueles olhos apertados e sorriso largo. Achou que ia segurar o tranco diante da pessoa que ela mais tinha medo nessa vida. E eu digo: medo bom e o medo ruim. Uma confusão, coitada.
Mas, devo confessar que deu tudo errado.
O que? Você acha que ia dar certo?
CLARO QUE NÃO. Estamos falando DELA e DELE. Esqueceu?
Não é querendo entrar em detalhes da vida dos outros, mas ela me pediu pra não contar o que aconteceu. Não entrar naquele papo de choro e nem do fato dela passar uns dias sem conseguir dormir e saber que vai ficar mais um tempo assim.
Ela está triste, ué. Não consegue nem sorrir.
Ela está terrivelmente envergonhada com tudo que aconteceu. Está com vergonha de ter ido tão longe (literalmente). Está com vergonha de, às vezes, ter dado de cara com ele, e talvez, sei lá, ele ter percebido que ela o olhava com encanto.
Ela está tristemente envergonhada de ter chegado ao ponto de ter pensado que poderia, numa possibilidade pequenininha, ter motivado um “acerto de contas”, um “ainda sinto algo”, ou quem sabe “Larga tudo e vem morar comigo”.
Ela me pediu pra falar que não deu tempo de sonhar. Me pediu pra dizer que, com toda a certeza do mundo, ela não está mais naquele coração. Ela confirmou o que tinha mais medo. Confirmou que naqueles olhos, naqueles que ela tanto se viu, hoje não tem nada além da cor deles mesmo. Ela não se viu mais naqueles olhos. E o pior de tudo isso? Ela teve que disfarçar e fingir que estava tudo bem.
Escreveu um bilhete de desculpas pelas bobagens que falou (eu contei que ela discutiu e foi grossa?), deu um abraço apertado e prendeu o choro pra não sair como a boboca que ainda ama quem não quer nada com ela.
E de novo, fingiu que estava tudo maravilhosamente bem.
Sinceramente?
Eu não vou mais deixar ela se apaixonar e muito menos acreditar em amor algum. E ela está terminantemente PROIBIDA de sonhar, de querer, de desejar, de lembrar, de falar de saudade e principalmente, facilitar reencontros. Está proibida para amar. Pelo menos até o fim da vida.
Ela não sabe mais fazer isso.
Ela não tem mais corpo. Ela não tem mais forças.
E ela também está proibida de falar nesse assunto novamente.
E ela está pedindo pras pessoas a desculparem, mas ela não quer conversar mais, não quer contato. Quer ficar sozinha. Quer chorar sozinha, sabe?
O aniversário dela ta chegando, mas ela não garante festinha. E se tiver algo, ela não vai.
E se alguém vier brigar, ela vai dizer que não sabe como reagir.
E se alguém vier com papo de igreja, ela mandou dizer que ela já foi demais e prefere rezar para Deus em casa mesmo.
E se vier convitinho pra voltinha, cineminha, saidinha, conversinhas, ela se nega.
E, AMOR, fica longe dela. Fica longe mesmo. Amor que é amor, quer o bem de quem ama. Já que você só carrega o título de “AMOR”, então deixa a coitada se ferrar sozinha.
E não olha pra ela daquele jeito. E não fala de saudade e nem do quanto ela é especial.
Ela não é mais especial, entendeu?
Hoje ela ta se sentindo uma merda e nem que ela ganhasse na mega sena ela se sentiria melhor.
Então fica na tua e faça como o bom “AMOR” que você é e não dê amor a ela.
Ela quer ficar só.
Ela quer ficar triste sozinha.
E ponto final.
Não falamos mais nisso.

Naiane Feitoza





Música que ela está ouvindo: Jura Secreta - Zelia Duncan

Nenhum comentário: