29 de janeiro de 2009

Findou-se.




Alice - Eu não te amo mais.

Dan – Desde quando?

Alice – Desde agora. Não quero mentir... E não posso contar a verdade... Então está tudo acabado.

Dan – Não importa. Eu te amo. Nada disso importa.

Alice – Tarde demais. Eu não te amo mais. Adeus.

[...]

Alice – Mas por que me testar?

Dan – Por que sou um idiota!

Alice – Sim.

Alice - Eu teria te amado... pra sempre. Agora saia.

Dan – Não faz isso. Fala comigo.

Alice – Já falei. Fora!

Dan – Você entendeu mal. Eu não queria...

Alice – Queria sim.

Dan – Eu te amo!

Alice – Onde?

Dan – O quê?

Alice – Me mostra! Cadê esse amor?

Alice – Eu não o vejo. Eu não posso tocar nele. Eu não sinto. Eu te ouço. Escuto umas palavras... Mas não posso fazer nada com suas palavras vazias. Diga o que disser. É tarde.

Dan – Não faz isso!

Alice – Está feito.

Dan - O que faz quando não ama mais?

Alice - "Eu não te amo mais, adeus!"

Dan - E se você ainda ama?!

Alice - Não, vai.

Dan - Nunca abandonou ninguém que ainda amava?

Alice - Não!
Mais uma vez, todos passaram perto demais do amor.
E o amor existe? Você já o viu? Já o tocou? Já o sentiu?
Por favor, nada de metáforas românticas.
(Diálogo do filme Closer)


Quando assisti Closer a primeira vez, tive um nojo momentâneo e prometi a mim mesma, nunca mais assistir a esse filme. Me perturbou aquela coisa sem graça. Aquela história de amor retorcida. Aquele desentendimento todo.
Como eu não sou uma mulher de palavra em nada do que falo ou prometo, o assisti pela segunda vez, agora no ano passado (2008). Lembro que estava na sala, meio perplexa por estar olhando de outro jeito pra um filme que tanto falei mal.
E no final me perguntei: Quem chegou mais perto?
Perto do amor. Perto da verdade. Perto da realidade.
Bem, eu não sei. Não sei se foi o filme que chegou ao ponto de mostrar a realidade de todo mundo, sem embonecar demais, sem afrescalhar um amor tão comum e que todo mundo poderia ter passado por tanto. Ou foi a visão da verdade que eu tentei esconder todos esses tempos dentro de uma mentalidade tão fechadinha, tão sonhadora.
Esse diálogo é o meu favorito. Quando Alice diz que o amor acaba, e que é por isso que ela o está abandonando. Acabou o amor e pronto, oras.
Acredito muito nisso. Acredito que o relacionamento só pode acabar quando o amor acaba. Terminar de uma hora pra outra, do nada, por orgulho ferido, por machismo ou o que quer que seja, que NÃO SEJA por amor, é de uma monstruosidade sem fim. É ser injusto com quem você ama. É ser injusto consigo mesmo. É ser covarde. Não há outra colocação. É Covardia.
É como um suicídio. Não ter coragem de enfrentar o que vem pela frente, pensar que não pode se resolver o que é “resolvivel”. É como um aborto. E eu odeio essas fraquezas dos seres humanos.
Que eu saiba, a única coisa que não é tão fácil de se resolver é a morte; o resto a gente faz uns remendos bem feitos.
Não falo de amor remendado. Que tem a costura pra fora. Que tem o corte mal feito. Que tem uns pedacinhos que estão faltando. Falo de consertar sentimentos que podem ser melhor aproveitados. Curar feridas. Falo de ser possível. Falo do FAZER o possível. De querer mudar.
Ninguém fala que ama e do nada deixa de amar porque ouviu uma mentira, por causa de uma roupa suja, toalha molhada, encanação. A gente termina uma história pela falta de discussão, falta de amor, falta de sentimentos para se renovar. Falta de se resolver tudo na cama.
Uma vez acreditei que não existiam histórias de amor. Porque eu ouvi que histórias têm seu começo, meio e fim. O “contador” me disse que em casos de amor isso não era válido.
Eu acreditei nesse sonho, nesse conto de fadas. Mas, infelizmente (ou felizmente) há começos, meios e fins. Dolorosos ou não, há um final. Tudo não passa de uma história.
A historia que eu vi em Closer foi que Alice, por muito se magoar, deixou de amar o Dan. Não foi uma daquelas histórias mal contadas. Não foi um abandonar com sentimentos. Não foi o abandonar o amor.
Sinceramente, não sei como as pessoas se mostram fortes pra certas decisões que tomam.
Ninguém finda de qualquer jeito. Ninguém magoa do nada. Ninguém termina por nada. Ninguém coloca o pontinho, ali no final, por amar.
Terminou. Acabou. Findou. Finalizou. Liquidou.
Eu tenho medo de finais. Tenho medo do que vem depois deles.
Porque eu fico imaginando: quando uma história de amor termina e ainda sobram sentimentos, o que nós fazemos com eles?
Eu não sei empurrar nada pra baixo do tapete. Não sei ferir. Não sei esquecer. Não sei fingir. Mas uma coisa eu aprendi direitinho com a Alice. Aprendi a fugir. Fugir pra bem longe.
Fugir do amor.
Corra, Alice. Corra. Que eu vou junto com você.


Naiane Feitoza

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