10 de dezembro de 2009

Aprendizado.




Uma coisa nós mulheres não podemos negar: quando o fogo de uma mulher que está em celibato HÁ MESES bate... raaaa.. ele bate com força. E isso, minha gente, não seria diferente com a doce e sofrida Olga.
Depois de alguns meses analisando a sua pobre vida de “namorada abandonada por um namorado legal, mas com o relacionamento mais destrutivo da sua vida”, pensou que passar uns meses, vamos dizer, se esquivando do sexo masculino e principalmente do sexo em si (o ato, minha gente), viveria feliz e acharia o seu eixo.
Já estava tudo resolvido dentro de Olga. Estava com o emprego dos seus sonhos, o cabelo tinha crescido desde a última vez que cortou porque esqueceu de penteá-lo algumas centenas de vezes, estava com a pele mais bonita, as pernas e o bumbum no lugar graças a maldita academia que ela vinha pagando e praguejando nos últimos 7 meses e lá, em um lugar onde só Olga sabe descrever, estava a maldita vontade de dar.
Sim, ela queria dar. Fazer sexo. Trepar. Sentir um corpo pesado sobre o seu, bem estilo Marisa Monte. Ela queria ser comida, oras.
Só que Olga se prometeu uma coisa logo que terminou seu lindo namoro absurdamente dramático: que JAMAIS voltaria a amar alguém e viveria um ano em pleno celibato. Quase uma freira, melhor dizendo. E nem a famosa masturbação de pós menstruação (pra quem não sabe, mulheres quando estão menstruadas ou logo depois da bendita, ficam EXTREMAMENTE assanhadas. Quase um cio, sabe? Um absurdo!) estava ajudando a pobre criatura.
Melhor dizendo, se via em bundas por não ter um “João” pra dar um prazer de vez em quando aquela pobre alma e aquele corpo malhado. Nenhum amigo. Nenhuma amizade colorida. Nem uma sapatão que pudesse, sei lá, fazê-la sentir-se diferente. Nada. Nadica.
Eis que um dia, saindo de casa com as amigas, pra aquele velho bar de sempre e com as mesmas companhias, decidiu o que nunca havia passado pela sua cabeça: “Hoje eu vou dar essa porra pra o primeiro idiota que aparecer”.
Olga se viu linda no espelho do banheiro do bar e até retocou o batom. Voltou desfilando a mesa com suas amigas e disse em bom tom: “esqueçam a Olga sofrida e metida a castidade. Hoje eu vou comer alguém!”. Todas ficaram com a boca aberta vendo tamanho assanhamento. Não sei, parecia mais um estupro à humanidade.
Olga querendo dar?
Só poderia ser um sonho.
Mas não era. Era o milagre do século. Olga estava afim de se libertar.
Suas amigas não eram santas, mas passavam longe de ser vulgares e oferecidas. Eram mulheres decididas que nunca sofreram por amor daquele jeito e queriam tirar Olga daquele maldito luto há muito tempo. Concordaram com tudo e começaram a ligar para os amigos. Nem deu meia hora e surge, DO NADA, sem ninguém ligar, sem lembrarem da existência dele, Sérgio. Lindo, lindo e lindo.
Sérgio era instrutor de academia de Samara, amiga de Olga, que tinha sempre contato com homens lindos (ela era linda. Detalhe!). Quando viram Sérgio chegando ao bar não pensaram duas vezes e o convidaram pra sentar à mesa. Olga viu o “partido” que lhe arrumaram e não pensou duas vezes: “é ele”.
Passaram-se exatamente uma hora de conversas engraçadas e muitas cervejas. Tantas que Olga ia ao banheiro quase correndo, pra não perder o fio da conversa que ficava para trás. Em uma de suas voltas dá de cara com Sérgio saindo do banheiro masculino e se encaram. Foi a deixa. Um beijo longo e forte. Respiração ofegante e em menos de 5 minutos um convite: “vamos sair daqui?”. Olga não pensou duas vezes e foi. Ela queria comer alguém e Sérgio era o seu prato preferido... Homem disponível, bonito, inteligente e que não quer compromisso. Ela também não queria. Só queria matar algo dentro dela. Aquela libido desgraçada.
Foram para a casa dele. Ela até se assustou um pouco, mas fazer o que? Na casa dela é que ela não o levaria. Não queria se sentir culpada por coisas de dentro do seu coração e que a idiota não iria explicar depois que começasse a chorar para Sérgio.
Enfim, na casa dele, logo que entraram, ela só sentiu o agarrão. Puxa daqui, escorrega dali, aperta de lá. Lambe. Beija. Chupa. Ri. Suspira... eita que ela ainda sabia fazer as coisas. Quando se viu, finalmente, fazendo o que queria fazer, sentiu uma vontade enorme de pedir que ele chamasse o nome dela. É, Olga adorava fazer essas coisas. Sentir-se desejada, lembrada... essas coisas. Pediu que Sérgio chamasse o seu nome de-ses-pe-ra-da-men-te.
Sérgio como todo homem bonito, BOM DE CAMA (ô Olga sortuda), cheiroso e além de tudo, nada desbocado, solta o seu primeiro pecado da noite: diz que AMA Olga.
“Como assim? me ama?”
Olga parou pra pensar enquanto estava em cima dele na sua mais nobre cavalgada e repetiu diversas vezes as mesmas perguntas: “ele é louco? Ama? Que isso?”. Pensando estar maluca, pediu que ele a chamasse de “gostosa”, pra quebrar um pouco a história do nome dela. E ele, fala em alto e bom som: “Ai, Olga, você é muito gostosa. Quer casar comigo? Hein? Vamos ter filhos?”.
ALTO LÁ.
Olga não sabia que porra estava acontecendo, mas parou na hora com aquele pedido de casamento. Parou e pediu na sua maior sutileza: “saia de dentro de mim”.
Ele não sabia o que fazer e começou a pedir desculpas. Disse que havia tempos que estava apaixonado por ela, que ele sempre estava nos mesmos lugares que ela e que não conseguia parar de pensar nela. Olga estava tão assustada que a única coisa que conseguiu fazer foi procurar as suas roupas e pediu pra ir embora (já que não sabia onde ficava a porta de saída).
Tentou explicar que aquilo era muito pra ela e que ela só estava tentando apagar um fogo dentro dela. NADA MAIS.
O Sérgio, coitado, ficou sem entender. Perguntou se todas as mulheres eram assim e que ele não acreditava que ela, LOGO ELA, a princesa de seus sonhos seria assim, uma aproveitadora.
Olga riu pra não ter que voar na cara dele e lhe ensinar como se escreve “aproveitadora” na cara de um sujeito com uma faca, e ficou ali, olhando pra cara de Sérgio como se tivesse dado um estalo: “então é assim que funciona? Você está levando o que tantas vezes eu levei”.
Olga saiu de lá quase saltitando. Não por ter feito sexo pela metade com Sérgio, não é isso. Saiu feliz e serelepe por ter se vingado de muitos homens. Saiu feliz por ter partido um coração que ela não sentia culpa alguma por ter feito. Saiu feliz por ter feito sexo sem sentimentos e ainda ter dito a melhor frase que ouvira em toda a sua vida (explodindo em seus pensamentos): Eu sou mais macho que você, seu maricas.

Naiane Feitoza


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