Sim, ele continua onde o deixei.
Naquele mesmo lugar de sempre e acho que se eu não for lá para cutucá-lo, ele não virá até mim.
As vezes me irrita pensar que tudo depende de mim. TUDO.
Pegá-lo, usá-lo, possuí-lo, devorá-lo. Ele nunca faz nada ao contrário. Por mais que eu peça.
Já gastei rios de dinheiro com ele. Já me embelezei para sairmos juntos. Já até bebi com ele e nada acontece.
Eu to falando que não consigo me livrar dele.
Já tentei explicar que sou uma chata que só o usa a hora que quer. Já falei que tenho historias de amor com os outros. Mas ele nunca me escuta. Se contenta só de sentir meus dedos em sua pele. Ouvir minhas gargalhadas.
Já chorei por ele. Já ri com ele. Já briguei e acordei de TPM por causa dele.
Já me molhei pra não deixá-lo se molhar. Já confessei que ele é o melhor em tudo.
Mas confessando essas coisas, me lembro de ter falhado algumas vezes.
Eu jamais poderia ter dito que adoro dormir agarrada a ele. Que eu sonho com ele a noite e acordo faminta para tê-lo novamente. Jamais poderia ter dito que ele foi motivo de briga e discórdia, ou um dos grandes amores que passou por mim.
Ele me frustra, me absorve, me condena, me faz viajar. Me deixa vazia, me deixa cheia, me dá um tapa quando preciso levar. Me faz acreditar que a vida tem solução (sim, porque a vida as vezes complica tudo) e as vezes me faz achar que tudo não passa de perdição. Me deixa chateada, amargurada, irritada, sonolenta.
Suas palavras me cativam, não posso mentir. A cada frase, parece que me hipnotiza, mas desencanta quando vem com aquele discurso batido que todos os outros têm.
Gosto de você com cara e voz de novo. De quem tem novidade pra contar. De quem vai me ensinar o que eu não sei.
Eu não quero saber de uma porra que alimenta a todo mundo. Não quero saber se você passou pela cabeça e mãos de um monte de gente. Contente-se em saber que quando passar por mim você será só meu e de mais ninguém.
Você nota que me entrego de corpo e alma?
E olha que você tem tantas caras. Gosto de todas elas. Principalmente quando vem com um ar de mistério.
Gosto de saber que você está pra romance. Gosto quando me contas algo que vai me arrepiar dos pés a cabeça.
Só não gosto quando me deixa dependente de você.
Que merda! Nessa brincadeira, se vão dias de angústia e esquecimento do resto dos mortais.
Lembra onde já fui por você?
Shopping, ponto de ônibus, aeroporto, rodoviária, ônibus, sala, cozinha, banheiro (aaahhh.. o banheiro), calçada. Dias de chuva, dias de sol, viagens e mais viagens. De ida, de volta. Já rodei meio mundo atrás de você. Já paguei caro só pra estar junto de você.
Lembro das inúmeras vezes que saímos juntos e nada acontecia. Porque sempre tinha alguém pra torrar a nossa paciência, e não nos deixavam sozinhos. Acho que era medo que nos vissem tão grudados.
Lembro a primeira vez que o vi. Eu mal sabia de mim, mal sabia o que era a vida (novamente falando da vida). Sabia apenas que você me olhava, me fitava como se dissesse: “eu nasci pra ser seu”. E acho que até ouvi quando pensou isso. Porque eu fui na sua direção e não te larguei mais. Foi um elo, um estágio de amor prematuro e a gente não consegue se separar.
Te deixei as minhas marcas como você as deixou em mim. O meu suor, as minhas lágrimas e o meu cheiro, estão grudados em você. Quem o tiver vai sentir, vai saber, vai adivinhar que você é meu. Meu tesouro, meu “xodó”, meu amor mais bonito e fiel.
Meu amado livro.
(Uma homenagem ao que sempre me acompanha e nunca me fere.)
Naiane Feitoza
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